segunda-feira, 8 de agosto de 2011

29º Encontro: Amor Fraterno


                                             Evangelho de São João – Capítulo 15

Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.
Aqui está o maior de todos os mandamentos: o amor. Desde o Antigo Testamento, Deus se comunica pelo amor. A existência do universo é uma prova de amor. A aliança é uma prova de amor. Os profetas que fazem com que a esperança continue viva são uma prova de amor. O Ágape divino é a razão primeira da existência do universo e da história.
                O amor não é uma imposição intrusa, externa. É uma condição própria do homem. O amor anima, isto é, dá alma à existência humana. O amor traz o significado à vida. Os gregos falavam dos três tipos de amor: Eros, Filia e Ágape. Eros é o mais aprisionado, brincalhão. Filia é amizade. E Ágape é divino. É amor que não exige retribuição. É puro. É livre.
                Em toda a história da salvação, percebemos o amor de Deus pelos seus filhos. A vida de Jesus é uma surpreendente história de amor. Um amor que primeiro cuida, depois orienta. É como a mãe que vê o seu filho machucado por ter quebrado a mesa de vidro. Primeiro ela cuida dos ferimentos, acalma o nervosismo, embala no colo. Depois orienta para que o erro não se repita.
                O amor cristão faz com que repitamos as primeiras comunidades que estão retratadas no inicio dos Atos dos Apóstolos. O Senhor ia reunindo mais e mais pessoas, e a Igreja ia crescendo porque eles se amavam. Aliás, os cristãos eram conhecidos pelos não cristãos pela seguinte expressão: “Vede como eles se amam”. E esse testemunho fazia com que mais e mais pessoas quisessem aderir ao cristianismo. O amor foi a principal virtude para que a Igreja, no inicio tímida e pequena, fosse angariando mais seguidores.
                Meus irmãos, não há nada mais bonito do que uma comunidade que se ama. Um padre se realiza como pastor quando vê o amor entre as suas ovelhas. Um pai se acalma quando percebe o amor entre os irmãos. Um amor que constrói, que edifica, que ilumina e supre tantas outras necessidades de que já falamos.
                A ausência de amor, ao contrário, traz os piores sentimentos. A inveja, o orgulho, a prepotência, o desrespeito, a injustiça. Quem ama é justo. Quem ama é verdadeiro. Quem ama é paciente. Lembremo-nos dos ensinamentos de São Paulo em sua carta aos Coríntios. O amor é ainda maior do que a fé e a esperança. O outro nome do amor é a caridade. A caridade não é Eros nem Filia. É ÁGAPE.
                Há um conto chinês que narra a história de um jovem que foi visitar um sábio conselheiro e lhe falou sobre as dúvidas que tinha a respeito de seus sentimentos por uma bela moça. O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhe apenas uma coisa: “AME-A”. E logo se calou. O rapaz, insatisfeito, acrescentou: “Mas, ainda tenho dúvidas...”. Novamente, o sábio lhe disse: “AME-A”. E, diante do desconcerto do jovem, depois de um breve silêncio, continuou:
“Meu filho, amar é uma decisão, não um sentimento. Amar é dedicação. Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor. O amor é um exercício de jardinagem. Arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide. Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excesso de chuvas, mas nem por isso abandone o seu jardim. Ame, ou seja, aceite, valorize, respeite, dê afeto, ternura, admire e compreenda. Simplesmente: Ame! A vida sem AMOR... não tem sentido.”
E ainda prosseguiu o sábio:
A inteligência sem amor te faz perverso.
A justiça sem amor te faz implacável.
A diplomacia sem amor te faz hipócrita.
O êxito sem amor te faz arrogante.
A riqueza sem amor te faz avarento.
A docilidade sem amor te faz servil.
A pobreza sem amor te faz orgulhoso.
A beleza sem amor te faz ridículo.
A autoridade sem amor te faz tirano.
O trabalho sem amor te faz escravo.
A simplicidade sem amor te deprecia.
A lei sem amor te escraviza.
A política sem amor te deixa egoísta.
A vida sem AMOR... não tem sentido.

                O amor dá significado às relações. Tornamo-nos mais dóceis, mais inteiros, mais comprometidos com o outro. Enfrentamos a dor com mais grandeza. O saudoso Papa João Paulo II foi a grande prova de uma vida dedicada ao amor. O seu perdão ao homem que desferiu tiros contra ele foi comovente. Sua peregrinação pelo mundo foi em defesa da paz.
                Quando da celebração dos cinco anos de falecimento do Papa João Paulo II, o Papa Bento XVI disse que o seu antecessor era movido pelo amor a Cristo, a quem havia dedicado sua vida, um amor sobreabundante e incondicional. Disse Bento XVI: “ Foi precisamente porque se aproximou cada vez mais de Deus no amor que ele pôde tornar-se companheiro de viagem para o homem de hoje, derramando no mundo o perfume do amor de Deus (...) A progressiva fraqueza física, de fato, não corroeu jamais sua fé rochosa, sua luminosa esperança, sua fervente caridade. Ele se deixou consumir por Cristo, pela Igreja, pelo mundo inteiro: seu sofrimento foi vivido até o final por amor e com amor (...) esse amor de Deus, que vence tudo.”
                Há líderes políticos que conseguiram apreender essa lição. Gandhi fez uma grande peregrinação pela não violência. Comoveu uma nação. Jejuou. Tentou compreender as diferenças religiosas, tudo em busca de um mundo não violento. Parecia ingênua sua proposta de paz, mas o tempo provou que ele estava correto. Aquele homem franzino se fez gigante e poderoso pela grande causa que abraçou.
Nelson Mandela é outro exemplo de grandeza de alma. Ficou preso durante 27 anos e saiu da prisão disposto a amar. É dele esta preciosidade: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.”
                É preciso resgatar essa capacidade de amor. O ódio é uma forma mesquinha de resolver os conflitos. A violência real ou simbólica nos afasta de Deus e de nossos irmãos.
                Toda a lei se resume neste lindo ensinamento de Jesus: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo”.
                Santo Agostinho filosofa, explicando esse mandamento:
Ama e faz o que quiseres. De uma vez por todas, uma pequena regra é exigida de ti: ama e faz o que desejas. Se tu manténs o silêncio, faz isso por amor; se gritas, faze-o por amor. Se evitas punir, faz isso por amor. Cultiva em ti a planta do amor, pois dela só poderá vir o que é verdadeiramente bom. Por amor.


Quem ama nunca faz o mal, e é para o bem que nascemos!
                                                                                                                                                                         Um abraço,


 João Paulo

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